Veio do navio negreiro, capataz!
Acorrentar-me de escravidão,
A um bem insuficiente e incapaz.
Sofro de açoite e tu, de solidão.
A cada chibatada desencontrada,
Onde, me fere a alma, ainda mais,
Que o corpo e a ossada,
Eu te perdôo, por seres do medo sequaz.
Teu inimigo mora no espelho,
No entanto, tu sangras o meu amor.
Jamais, te darei crítica ou conselho.
Mate-me, pois é tua essa dor.
2 comentários:
Forte isso.
É bem compreensível as armadilhas que o amor prega. O ciúme desorientado, nos faz ter atitudes de verdadeiros capataz...
E quando as amarras se tornam muito fortes, resta resignação e as palavras incauta a desabafar.
Direto do Rio.
Beijos.
De fato, quem mata o seu amor, morre junto com ele.
É um suicídio premeditado, diferente daqueles que pegam almas indefesas de surpresa e tiram-lhe a vida, no momento de irracionalidade existencial.
Não, matar o amor e suicidar-se é antes, precedido de longos rituais de sacrifícios , perdas,inanições do desejo,mutilações dos prazeres, anulação da individualidade.
É estar a beira do precipício, e antes de atirar-se, olhar em volta a beleza do céu, dos cantos dos pássaros, das multifacetadas cores da natureza, do pôr do sol que já vem vindo.
Este ritual é que sacraliza a dor maior de quem sabe que vai deixar aqui neste mundo, tudo que o melhor poderia ter sido feito para ela, menos... um amor!
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