INSPIRAÇÕES DO POETA

13 de set. de 2009

Escravidão




Veio do navio negreiro, capataz!
Acorrentar-me de escravidão,
A um bem insuficiente e incapaz.
Sofro de açoite e tu, de solidão.

A cada chibatada desencontrada,
Onde, me fere a alma, ainda mais,
Que o corpo e a ossada,
Eu te perdôo, por seres do medo sequaz.

Teu inimigo mora no espelho,
No entanto, tu sangras o meu amor.
Jamais, te darei crítica ou conselho.
Mate-me, pois é tua essa dor.

2 comentários:

Ahab disse...

Forte isso.

É bem compreensível as armadilhas que o amor prega. O ciúme desorientado, nos faz ter atitudes de verdadeiros capataz...

E quando as amarras se tornam muito fortes, resta resignação e as palavras incauta a desabafar.

Direto do Rio.
Beijos.

Paulo Tamburro disse...

De fato, quem mata o seu amor, morre junto com ele.

É um suicídio premeditado, diferente daqueles que pegam almas indefesas de surpresa e tiram-lhe a vida, no momento de irracionalidade existencial.

Não, matar o amor e suicidar-se é antes, precedido de longos rituais de sacrifícios , perdas,inanições do desejo,mutilações dos prazeres, anulação da individualidade.

É estar a beira do precipício, e antes de atirar-se, olhar em volta a beleza do céu, dos cantos dos pássaros, das multifacetadas cores da natureza, do pôr do sol que já vem vindo.

Este ritual é que sacraliza a dor maior de quem sabe que vai deixar aqui neste mundo, tudo que o melhor poderia ter sido feito para ela, menos... um amor!