INSPIRAÇÕES DO POETA

17 de set. de 2010

Boteco




A partir de hoje fecho meu boteco, não mato mais sede nem fome. Aqui não tem sustança pra encher pança de intelectual. No meu quintal mando eu, e aqui, tem que ser menos ateu pra comer do meu mingau. O primeiro gole vai pro santo, pra desmanchar quebranto, de gente que nos quer mal, depois desse ritual há de se beber a lua, até quando Deus quiser. E se vier intransigente, nem tente ficar, aqui nunca teve censura, porque amor sempre cura, qualquer malfeito. Sinto, mas é desse jeito!
Há que sujar mãos com a matéria-prima, alma minha em clara de neve, espuma Contemporânea com pitadas Art Nouveau. Litorânea inquietude. Essência de erva autêntica, idêntica ao absinto de Toulouse. Não ouse meter a colher em cumbuca de mulher, de pimenta e de mascavo, que até Orixá corre. É encrenca, mas dispensa sermão. Iguaria exclusiva desse balcão.
Vai pedir pão pro diabo, que o dele é amassado e o meu, ta predestinado à gente de carne e perdão. Não serve a estômago fraco. Não tem prato feito pra sujeito que não tem modéstia, que sem ela, nem pra viver se presta. Pare de me olhar pela fresta e escorregar que nem quiabo. Me encare de fato!
Da licença moço, que eu já to pele e osso, de tanto te esperar. Ta na hora da birosca fechar. Dei canja quentinha até suar, mas você preferiu cuspir e depois pisar. Chega do velho calote – Vou ali fazer xixi – Xi! Sumiu, ninguém sabe, ninguém viu e nem precisa voltar.
Acabou o batuque e meu coração tumtum, de bamba, não samba mais nesse terreiro, só se pintar batuqueiro com muita fé e jogo de cintura. Aí, até vale pendura e fiado, de troco bombocado, pro freguês sair satisfeito. No meu estabelecimento quem manda é o sentimento, que não é vencido nem faturado.

8 comentários:

Franck disse...

Feche o boteco, mas deixe poemas na porta fechada, por favor!
Um bom fim de semana! Bjs***********

♪ Sil disse...

Abre jáááááááá esse boteco de novo, que aqui eu bebo meus goles de vida e poesia.


Beijooooooo amada!!

Edson Gomes disse...

As vezes é bom manter o boteco fechado e deixar os boêmios pelo lado de fora, para que eles saibam dar o valor de uma mesa de bar e do papo furado, regado a uma cerveja geladíssima.

Bom fim de semana
Bjs

Machado de Carlos disse...

Um Grande Abraço meu Amigo!

Ainda quero experimentar o tal de absinto. Sempre ouvi histórias de absinto e não tenho a idéia de como é, que gosto tem. Deve ser coisa boa, pois invada a história dos mundos.
Pode deixar, ficará um pouco para o santo! (Risos!...)
Beijos!

Rosemildo Sales Furtado disse...

Se fechares o boteco, ficaremos privados de bons papos e de belas poesias.

beijos e ótimo final de semana.

Furtado.

Úrsula Avner disse...

Oi amiga,

Eta mulher " porreta" ... determinada, cheia de si... Texto para ninguém contestar... Bj, bj.

Brasil Desnudo disse...

Bom dia, minha querida Ira!

Nossa!!!
Olha só Garota!
Eu vou ficar batendo até você abri, não me importo se o primeiro gole, for do santo, seja lá pra quem for!
Mas eu bato, arrombo e entro, sabes porque?
Porque amigos não se desgrudam, estão sempre juntos..kkk

Voltei, não me pergunte como, mas voltei!
Hoje ao entrar no blog, clikei, entrou e me dei bem...kkk
Tô de volta pra perturbar você, todos os dias, tá?

Um dia lindo pra você, minha querida Ira, vizinha CARIOCA que não largo do pé...

Bjs

MARCIO RJ

Lua Nova disse...

Vo brigar pra valer, vai ter até rabo de arraia se não abrir rápido o boteco. Sem amor ainda fico, mas sem meu vício de beber palavras, nem pensar! A síndrome de abstinência é mortal e nem o diabo me segura quando fico na "fissura"! Não me cura nem o absinto de Toulouse; nem vadiar no Molin Rouge!
Acho que vc escreve como poucas pessoas, Ira. como disse o Franck: deixe os textos na porta, senão eu invado!!!!
Seus textos são maravilhosos.
Beijokas e uma linda semana.