INSPIRAÇÕES DO POETA
26 de jun. de 2011
ALFABETO DAS DESGRAÇAS - Letra N - NEURASTÊNICA
Contei cinqüenta degraus até o poço vazio,
Agora cheio de mim, tão ampla de choro,
Os mesmos chorados nos dias evocatórios
Da saudade intrigada, sem nome e decoro
Ausculto os muitos ruídos íntimos da terra,
Coincidentemente, iguais a minha natureza
Remexida pelas intempéries, dentro e fora,
Alma de preferência sísmica de obscureza
Vivo no fundo, do fundo, breu cascalhento
Sou subterrânea, sempre fui e sem vocação
Infame de suficiência, pois me faltam pés
E mãos, e tudo que é contaminado de ação
São-me necessários uns solavancos nos córneos,
Até que os olhos pulem no chão, esbugalhados
Dão-se melhor com essa sordidez dos homens,
Sujos olhos! Que encarem os leões esfomeados
Deixem-me com pedras nesse balde aprofundado
Há apenas uma fenda mínima a vazar ardência,
Essa pressentida felicidade, tão incomunicável!
Faz tempo que só ouço os apelos da demência
Assinar:
Postar comentários (Atom)
20 comentários:
precisa falar mais alguma coisa?
beijos achocolatados
"O homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não tivesse tentado o impossível."
Max Weber
Beijos de esperança
Tantas vezes a demência já me livrou da obscuridade...
Belo grito, Ira brihante!
Beijinho de domingo!
Sentes àvontade em qualquer tema... és impressionante com as palavras.
Este poema, para não variar, é magnífico.
Querida amiga Ira, boa semana.
Beijos.
Lindo!
Beijos e boa semana!
Carla
A perseverança ainda é uma das nossas principais virtudes.
Beijos e ótima semana pra ti.
Furtado.
Versos de grande intensidade! Parabéns! Abraços!
Muito belo este poema Ira. Adorei!
Cara amiga Isa, teu poema fez eu lembrar de um texto do livro de "O Ovo Apunhalado" do Caio Fernado Abreu Ai vai:
Nos poços
NOS POÇOS
1 Comentários
Primeiro você cai num poço. Mas não é ruim cair num poço assim de repente? No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço. A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro do poço. O poço do poço. Mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? A gente não sente medo? A gente sente um pouco de medo mas não dói. A gente não morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói. Morrer é entrar noutra. E depois: no fundo do poço do poço do poço do poço você vai descobrir quê.
Um grande abraço. Tenha uma linda semana.
Oi pessoa mais do que querida....
acho absolutamente profundo seu poema....coisas lá das entranhas mesmo...visceral....
obrigada pela visita...fico honrada...
deixo meu carinho e minha profunda admiração....
Zil
Estou ainda tentando descobrir o que é Neurastênica, acho que é um pouco complicado pra mim hahaha Em todo caso, o jogo de palavras é o seu forte. Você consegue deixá-las juntas, de forma maravilhosa. Uma ótima semana e um grande beijo!
Esta criação é uma maravilha, querida Ira.
Sob o asfalto não é um mundo diferente com pessoas que nunca viu o sol. Un abrazo.
Versos Profundos. Há muito o que sem pensar.
Beijo em seu coração!
olá querida!
Nem sempre consigo
comentar seja por falta de tempo ou na maioria das vezes problemas
do site,mais saiba que esse alfabeto está uma delicia literarica.
um abração!
te encontrei através da Sil..me encantei aqui..te seguindo...
a infelicidade incomunicável e o apelo da demência - eis as impressões digitais do homem.
beijinho!
N aletra "n", o poço da vida, as fendas em que muitas nos encontramos ligados em busca da tal felicidade... a produndeza de teus versos me despertam sempre, gracias.
Beijos, boa semana.
Carmen.
Desço ao poço de minha tristeza em teus versos, a dor de uma busca, o desejo de algo além de nada... as fendas em que calcamos palavras, tudo está aqui nesta letra ...
Beijos Ira e teu trabalho já sabes que é genial, mas repito sempre.
Carmen.
Ira tenho deixado comentários, mas parece que não estão chegando...um beijo boa semana e sempre meu carinho.
Carmen.
Entre neste poço, mergulho nas emoções do versos e retorno ardida pelos momentos...dor humana!!!
Um beijo Ira.
Carmen.
Postar um comentário