A mulher estende-se diante do vidro prateado
E reage dando-lhe as costas,
Sua face luta contra a verdade
E a verdade é rápida.
- guilhotina para pescoços –
Volta! Ela sempre volta aonde abandona os olhos.
Mas ela o ama! Como a um Deus
Mas ela o odeia! Como a um homem
Ri um riso epilético e chora
Chora um choro terrível e ri
A mulher escurece, pouco a pouco,
Sua lua transborda por poros de cascos avariados.
- a luz sempre encontra uma brecha -
A mulher amanhece, subitamente,
Sua noite recolhe-se nas unhas esmaltadas
- a escuridão sempre afia as garras na mudez -
Dança a balada das loucas,
Não há testemunhas,
Os livros estão fechados sobre a prateleira.
Veste-se de calcinha rendada,
Como se a porta fosse invadida por objetivos epidérmicos,
Sem sacrifícios.
Pinta a boca de sangue e sangue é vermelho,
E vermelho é cor do amor,
E amor é toda sua boca de sangue.
É tudo que sobrevive ao seu corpo mixa de ninguém.
Há reflexos de santos mortos pelo chão
E fotografias apagando-se
O vidro doméstico guarda as distâncias.
- do tempo e dos nomes -
O vidro doméstico guarda os segredos.
- do céu e do inferno -
Ela o beija, quando não o cospe
E tomba de inteira e embaçada.
Dedico a essas poetas, escritoras, criaturas sensíveis,
mulheres especiais: Suzana, Silvia, Carolina, Laura, Raquel, Joelma, Cecília,
Márcia, Patrícia, Rosa, Sandra, Cris, Andrea, Cristina, Érica, Adriana, Luiza, Dade, Tânia, e
pra quem chegar
17 comentários:
então... é isso... fazer o quê?! Hein!? Ah... tô zonza!! nada... é só cisco no olho!!
Caramba, Ira!! Tu és brilhante demais!!
Que chamego mais...
:*
ensaio sobre os espelhos, todos que se refletem em singularidade,
beijos
Minha amiga fiquei vendo e lendo e entendo um pouco de nós ,um pouco da mulher em mim ,lindo e este verso tocou-me profundamente!
Volta! Ela sempre volta aonde abandona os olhos.
Mas ela o ama! Como a um Deus.
Ira, linda aquariana!
"Mulher é um bicho esquisito", já dizia aquela música, não é mesmo?
Temos a estranha capacidade de amar os reflexos, odiar os reflexos e tornar refratários outros tantos, assim, como se simplesmente passassem por nós; e outros tornam-se cacos de espelho em nossas mãos, imagens multifacetadas de nós, de tudo. E assim é a mulher espelhada, um pouco de tudo do nada que pode ser, e ainda assim é muito.
Lindo, Ira, cada vez mais admirada por aqui!
Essa Cecília sou eu? A da dedicatória? Iahuuuuuu!!!!!!!! Ganhei minha noite *-* Amanhã será um dia ótimo!
Grande beijo poeta!
Irado!
Lendo-te, até eu que já perdi o aço reflfto...
Beijos
Que verve, você arrasa! A descoberta da tua poesia foi um presente e tanto. Muito obrigada pela parte que me toca.
Beijos, poeta irada*
quando a palavra é o centro em toda a distância, ausente de gravidade, curva à-prova-de-seta, aquietando cavalos marinhos e atiçando borboletas sem asas. só a mulher sabe onde se escondem todos os segredos: no espelho de cada fim de tarde. a verdade molda-se nessa argila de tons vermelho-sangue.
beijo para ti, minha querida ira, e para todas as homenageadas.
A mulher é a descoberta do paraiso!
Bela poesia!
Saudades de voce no meu cantinho!
Beijos!
E eu que tentava vir aqui agradecer seu último comentário em meu blog, quando você sutilmente falou de algo tão importante e que há muito eu nem percebia que fazia falta em minha vida. Lembra? Do poema sobre o tempo?
A foto do meu filho? A espiritualidade?
De repente, chego aqui e recebo um poema. Sabe que você é a primeira pessoa que me escreve algo. Estou muito feliz. Sempre sonhei em ganhar uns versos. O poema é perfeito, urdido com todas as nossas peculiaridades. Duplamente obrigada!
P.S. Estamos muito conectadas, pois também estou rascunhando algo sobre as mulheres. Muitos beijos:)
Ola Ira,
Relacoes complexas, amor-odio, tudo misturado... dor... as mulheres resistimos, somos o melhor do mundo ;D excelentemente disse à questao da prisioneira en uma maranha, em um verdadero laberinto emocional. Tema candente!
Aprecio sua deditoria e sua gramde generosidade, como esa hermosa persona que voce é.
ah, nas fotos ... estes divinaaaa, muito bonita! =)
Abrazo gramde.
Gostei do teu poema, principalmente pelo inusitado das situações que foste criando. Isto é, surpreendeste-me ao longo de todo o poema.
Excelente, é a minha opinião para o teu poema.
Ira, minha querida amiga, tem uma boa semana.
Beijo.
Ola Ira, como estas?
desculpas pela inconveniencia pero, voce me permitisse publicar esta poesia no meu blog? Eu quero agradecer-lhe publicamente.
Beijokas.
Minha querida
Por vezes os espelhos são lugares intangíveis no fundo de nós...onde habitam palavras no fio da incerteza...na esmagadora solidão do tempo...um grito ecoando no silêncio dos muros...na guilhotina do tempo...nas mãos vazias do amor.
Como sempre ler-te é uma viagem intensa descrevendo tantas almas.
Um beijinho com carinho e admiração
Sonhadora
Ira,
O universo feminino, muito bem aqui traçado. A gente acende velas, roga aos santos, afoga o santo, renega o dom, perdoa e ama e retorna cem mil vezes. A gente passa o batom sem que isso canse, mas a cor também cansa e melhor, muitas vezes, é nossa própria escuridão.
Beijos e obrigada! Imagino que a Suzana, sou eu. Se não for, é algo mais de nós, sempre cientes.
Beijos,
Suzana Guimarães - Lily
Ira,
ver o meu nome(s) no final deste teu texto deixa-me sem palavras...
Ao teu lado não sou nada, nada mas quando crescer quero ser como tu...
beijo, dona das palavras certas
[obrigada, obrigada]
ah e essa mulher é bem a minha cara
beijo imenso!
Magnífico!
Beijo :)
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