Nunca que ninguém já viu, mas há quem garantiu.
Há quem deboche. Quem vexe. Quem rogue uma prece pra Deus que é do Brasil.
Lá vai ele, o velho pai Adonai cansado de tanto trabalho, meio de saco cheio.
Procura um santo, um fulano, um milagreiro.
Qualquer um de seus filhos. Beatos andarilhos!
Alguém que suporte o gosto da morte, da sede, da fome.
Alguém que não tenha sobrenome.
Um São Francisco que se confunde com rio, com homem,
Com o assobio dos ventos nas curvas do nada.
Carece, mas não brada! Cala por fé e resignação.
Não requer andor nem manto, o tal santo brasileiro.
Como um Zé Ninguém e sem vintém, Deus caminha em pele e osso.
Anda pelas docas, nas malocas, palafitas da sorte.
Pisa nas planícies, nos planaltos, nas caatingas, sem o menor sobressalto.
Sina de vida e morte sem murmúrios.
No rigor do peito, a força de um amor mais-que-perfeito.
A despeito dos sacrifícios, dos martírios.
Dos filhos adormecidos em desertos de descasos.
Em misérias, em atrasos, em covas enfeitadas por cactos.
Um bom e fiel pastor, cujas mãos mantém a centelha da tolerância acesa,
Por compaixão e gentileza.
E chora pelas meretrizes.
Sente a febre dos corsários.
Bebe o fel dos ordinários.
Ama a fé dos infelizes.
Cega para toda esbórnia.
Come os restos dessa escória.
Um Deus brasileiro de fé!
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