INSPIRAÇÕES DO POETA

1 de out. de 2010

Desenhos Paralelos




O desenho do arquiteto fez a cidade, sem pensar nele, no menino de perfil barroco, que só mãe faz com auxílio luxuoso de pai.
Pai e mãe fazem nariz pra beijo de esquimó, mas como estamos nos trópicos, o beijo derrete.

Vai parar na linha do equador?

Traçado, em paralelo a orelha, um triângulo de pêlos pra gente se perder de bermudas e falar de coisas melancólicas, que sublinham alegrias.

Eu gosto de gritar na sua orelha e ver o eco no olho!

Depois fazem boca, de carne e palavras – metáforas - coisa séria de sentir e se ele dança, eu danço, também!
Nasce à esfinge, com cabeça de homem, fuça de foca e corpo menino de alabastro. Esfinge do diabo!

Ah, se me roubasse vinte anos, mas vinte anos é nada!
Ah, se me fizesse desdobrada, de novo, perto, pouco!

Que mulher não quer, um demônio falante com olhos de arcanjo,
Numa tarde na asa de boas conversas fiadas ao som do velho banjo?
Eu? Melhor deixar cada ângulo em seu lugar!
Saio cadente desse céu e fujo poeta, pela tangente.
Volto a ser a velha estrela do mar.


A imagem usada é de Dani Galante

8 comentários:

Unknown disse...

Ira,

Gostei muito de todo o poema, mas destaco esta parte:

«coisas melancólicas, que sublinham alegrias»

Beijo

António

Tato Skin disse...

Isso é lindo!
Só alguém com a sua sensibilidade escreveria:
Eu gosto de gritar na sua orelha e ver o eco no olho!

Perfeito...
roubarei pra sempre esta frase.
Não é minha, mas é!
Bj meu
mk

| A.Luiz.D | disse...

Olá, vou te eleger minha intérprete..sempre além..gosto muito.
Seu texto no soar boêmio.
"Numa tarde na asa de boas conversas fiadas ao som do velho banjo?"
Oscar Niemeyer lembrou minha cidade.

adorei..

bjao

♪ Sil disse...

Sabe o que eu penso quando te leio?

Você já nasceu pronta, Ira!

Beijoooooo, minha linda!

Úrsula Avner disse...

Olá querida,

sua escrita é única, irreverente, como diriam minhas filhas adolescentes " irada "... Bj com carinho.

Fernando Santos (Chana) disse...

Excelente texto....
Cumprimentos

Suzana Guimarães disse...

"...Que mulher não quer, um demônio falante com olhos de arcanjo..."

Eu quero. Eu sempre quero. Eu morrerei querendo.

Minha amiga, voltei ainda sem condições, não ando conseguindo conciliar todas as minhas atividades. Estou tentando nova rotina que dê certo.

Beijos!

Carolina disse...

Ira, é um poema muito emotivo de grande sensibilidade e beleza...