Ele repousa o charuto na beirada da mesa de cabeceira,
Antes havia entreaberto a boca
E cuspido um cogumelo de fumaça,
Talvez haja um bombardeio entre as zonas do medo
- tórax e cabeça –
Não guarda memória precisa do primeiro combate,
Mas certezas de batalhas eternas,
Implacáveis tempos de confrontos entre lucidez e demência.
Isto lhe causa certo desconforto,
Alguma covardia imprópria,
Mas igual desejo irresistível de impulsão,
Agora, no instante vulnerável,
Onde o corpo deitado padece de torturas e incêndios.
- Há uma culpa muda nas camas e nas guerras -
Seus olhos pedem morte.
Sua alma foge!
Fica o cadáver,
Com o coração afogado na garrafa de vinho.
Suas intenções animalescas salvaguardam os nervos,
Entre um espasmo e outro,
O sexo dispara sua manada de diabos simpáticos,
Que se divertem sob, entre, peles evocatórias.
Seu pau é erguido como um palácio que adora o céu
E o paraíso é quente.
Sim, infernalmente quente!
Submete-se missionário,
As ardências e delícias daquela terra santa,
E erra por caminhos curvos até a fraqueza.
Cai sobre as costas do grito em súplica
E sorri como um deus sem pecados.
Há cinzas no tapete queimado.
16 comentários:
há cinzas e há brasas, tudo queima na palavra que incendeia,
beijo
E que o amor seja tão alucinante quanto, que o sexo seja amoroso, que seja brasa, muita brasa.
AMEI!
(e essa nova foto no banner tá demais!)
beijo, Ira!
Escribes inquietante, un placer leerte.
que tengas un buen fin de semana.
un saludo.
só a pele tem perdão...
intensidade na voz, sempre!
Lindona na foto, Ira brilhante... beijinho, querida!
Intenso. Teu texto crava no peito o desejo. Submete-nos ao calor da luta. Até nos trazer, entre cinzas, em um sorriso, um suspiro de... Afinal!
Mto bom. Mto bom...
Ira, linda aquariana!
Se a cada regra existe uma exceção, eu diria, ainda que rimando,
existe uma guerra que tem perdão.
(que bom!)
Adorei!
Lindo, intenso, vivo feito brasa, quente como gelo na pele :)
Beijos e ótimo fim de semana!
assim eu sou: missionário na tua poesia. assim mesmo, em prece e ofício, porque nenhum deus deve conhecer o castigo ou o homem esquecer o perdão. afinal, as cinzas caem invariavelmente sobre tapetes... de pele. que importa que ardam e carbonizem? a eternidade fez-se para ser transgredida, como o amor e o desejo.
beijo, querida amiga de tantos incêndios!
Existencialismo puro, na medida certa. Muito bem construído, um poema em toda sua plenitude. Aplausos amiga e de pé!
Fogo prevalecendo, vida no ápice, tapete carbonizado. Conhecemos isso, não é?
Beijo, Ira.
As cinzas são certas, mas o apelo da brasa cala tudo o resto...
Você é única, Ira!
Beijo :)
.
Ira, querida.
Eu tenho um selo referente aos
1000 seguidores da minha pági-
na e como você faz parte desse
sucesso, ele é seu de direito e
de fato.
Um beijo do,
Palhaço Poeta
.
Entre a tua sensibilidade e o teu furor verbal , eu fico com os dois !
Esse poema incendiou a minha madrugada ...
Ira !
você transborda aquilo que gosto !
Um grande beijo !
às vezes penso que conhecemos as mesmas pessoas...
depois do incêndio sobra sempre a cinza
ashes to ashes
beijo
"Seu pau é erguido como um palácio que adora o céu
E o paraíso é quente.
Sim, infernalmente quente!"
Excelente.
Surpreendes a cada virar de verso.
A tua poesia é da melhor que tenho visto nos blogues.
Ira, minha querida amiga, tem um bom resto de semana.
Beijo.
" Há culpa muda na cama e nas guerras."
Que frase!
Beijos,
Suzana Guimaraes - LILY
muito bom.
Postar um comentário