INSPIRAÇÕES DO POETA

10 de ago. de 2010

Envenenatempo




Nas horas em que vens forte.
- veneno – Tudo em mim te bebe.
Saltam as veias de sangue ardido,
Os olhos perdem a razão
E tornam-se ridículos exaltando apenas
Tua imagem ambígua.
Preparo o antídoto,
Com memórias de mágoas rasteiras,
Que estanque a substância venal na língua
Serpenteada pela tua,
Mas não é suficiente.
Há uma urgência na toxina da paixão,
Que contraveneno não estanca.
O coração, não imputável,
Espuma epilético a própria moléstia.
Aspira o vício e esse tal circula demente.
Volta ao estômago e ao cérebro a ânsia
Que sente.
Do corpo vasa um suor garantido de cio,
Como aquele das noites pagãs,
Quando dentro gozávamos a dor da delícia..
Ah, horas de enfrentamento poupe-me do relógio!
Dou-me vencida,
Se morrer de amor é o que me cabe,
Que seja lento o veneno.

7 comentários:

Fulvio Ribeiro disse...

Ira...
Só tenho que aplaudir e te agradecer por proporcionar esse momento único, que me ocorre agora que te leio.
Maravilhoso!!!
Grande Abraço.

A.S. disse...

Ira...

Oferece-me a beleza das tuas cores únicas
E dissolve-te comigo na mais bela tela de amor…


BeijOOO
AL

Lívia Azzi disse...

Ah esses desejos... O que fazer com eles? Se aceitamos lá estamos perdidos em uma travessia desconhecida, inebriada e viciante... Se os ignoramos, conscientes de que o melhor seria reprimi-los, lá se mandam para o vagão da alma, aquele espaço que arquiva o inaceitável e o que não permitimos que nem nós mesmos saibamos... Aí ficam lá, embora estejam escondidos, continuam ativos e inquietos...

Lívia Azzi disse...

Exato Ira! Essas coisas do amor não são para serem entendidas. Apenas vividas! Mas eu confesso que não sei caminhar assim, quero entender primeiro! Ainda que isso seja o oposto: percorrer do fim para o início...

Beijos!!

♪ Sil disse...

Ira, querida!!

Eu adoro seus comentários, pois batem em tudo com as coisas que eu penso.
Por isso coloquei aquele post lá.
Tirei todo o peso da alma, e agora caminho leve.
Com a eterna menina existente dentro de mim tbm.
Mais leve, tão leve conseguir viver assim.

Quanto aos seus textos (Perfeitos), essas coisas de amor são tão complicadas né.
Ou a gente que complica amiga, me diga?
Na verdade, ando meio brigada com esse tal amor rs.
Mesmo respirando amor 24 horas.

Um abraço grande Ira.

Adoro-te!!!!

Jorge Pimenta disse...

ira, texto de uma força que a ninguém deixa indiferente. as ideias dicotómicas sobre que constróis o poema - presença/ausência projectadas em dois outros pares (ontem/hoje; eu/tu... com e sem nós) - sintetizam, em certo sentido, as in.quietações de todo o ser humano. e isso é a verdadeira poesia: sangue, veia e coração a bombear no frémito da viagem, do naufrágio e do resgate. deixa-me aplaudir de pé.
um beijinho, poeta!

A.S. disse...

Um veneno que enlouquece
atrai e arrebata
e de prazer nos mata!

Belo o teu poema Ira!!!

Um BeijO
AL