INSPIRAÇÕES DO POETA

19 de set. de 2010

Canção 1 - Poeirada




A moça morava só,
E só da janela que via sol.
A cada dia morria uma vida inteira
E virava pó.

Comia mãe-parida feito lombriga.
Tecia cordéis formando rede,
Pra matar saudade de toda sede,
Sede de rapariga.

Pobrezinha da dita,
Que nem dó à levita
E é só pó, a bendita.

Pó de arroz, polvilho,
Poeirada, pó de faca.
Pó de carreira, canela,
Café, mico, caveira.
Pó de poeira.


A partir de hoje postarei algumas letras das minhas composições musicais. Essa é a primeira da seqüência.

Quero agradecer, nesses 3 anos de Faces do Poeta, esse enorme carinho, diário, que recebo de vocês, amigos tão amados. Saibam que esta é também a minha casa, onde guardo meus afetos, minhas intimidades e vocês, que são mais que especiais. São cúmplices da minha loucura. Um grande beijo a todos. Ira Buscacio

12 comentários:

Franck disse...

É com um prazer enorme que venho lê-la qdo vejo que colocou algum texto...pq sua sensibilidade é à flor da pele, sempre! Adoro vim visitá-la, sentar aqui na sua casa, como num domingo à tarde, por exemplo!
Uma boa semana! Bjs*

sueli aduan disse...

É sempre maravilhoso ler "teus escritos", tamanha sensibilidade!
beijo

Lua Nova disse...

Dá muito medo ver a vida virando pó sem nada poder fazer, senão olhar pela janela e ver o tempo passando impune...
Minha linda, postei um poema seu no meu blog branco. Vc sabe que fiquei encantada com ele.
Passe lá pra ver. Espero que goste.
Beijokas.

http://empoucaspalavrasalheias.blogspot.com/

Marcelo R. Rezende disse...

3 anos, que lindo!
Um filho.

Amei o poema, gostei da moça e gostei do que ela vive, não que seja feliz, nem que seja triste, mas é dela e ninguém pode tomar.

Beijo grande!

s a u l o t a v e i r a disse...

Ira, gostei do espaço, a imagem que abre o blog, a canção... lindíssima.
O texto "Boteco" é maravilhoso também.

Seguirei este espaço e o indicarei a amigos.

Bem vinda, feliz que tenhas gostado do Partitura.

Beijos, ótimo domingo e uma bela semana.

Cadinho RoCo disse...

Da janela vejo ela poesia em pó de arroz feijão na panela tampada qual janela fechada.
Cadinho RoCo

Berê disse...

Ira, vc foi ver o meu jardim, meu passarinho e, qual a surpresa, me deparo com uma poeta brilhante. Agradeço muito a visita ao meu pequeno blog e voltarei muitas vezes mais para ler toda essa beleza que você escreve. Parabéns!

Fulvio Ribeiro disse...

Ira...
Você muito boa no que faz!
Cada vez que venho aqui me apaixono mais pela sua obra, que venha as letras, vamos saboreá-las. (risos)

Grande Abraço.

Jorge Sader Filho disse...

Ira, sucesso nesta nova incursão poética. Colocar palavras numa música, ou o contrário, é tarefa bastante difícil, você sabe disto.
Sucesso!

Beijos,
Jorge

Fred Caju disse...

Quem me dera ter encontrado esse blog três anos antes. Vida longa ao Faces do Poeta!

♪ Sil disse...

Ira,

Sou tão suspeita pra falar dos seus textos, suas canções.

Eu só fico aqui, no gargarejo!!!

Beijo nesse coração de ouro que vc tem!

Tamo Junta!

Anônimo disse...

"Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó"

(Chico Buarque e Edu Lobo)