Posseiro

Por favor, me deixe quieta nesse estado irremediável de amor, só preciso de Drumond, no fácil acesso a cabeceira. Não durmo e não quero alarde de intimidades, já bastam os excessos meus na penumbra do quarto pálido, onde espero há uma vida esse homem.
Não sou muito forte, por isso grito essa besta solidão em braile e não confesso o medo, porque tenho medo! Que na madrugada azulada, ele travestido de morte, se mate, antes mesmo que eu morra. Não! Não quero essa bad trip.
Preciso de um cara, desses que a gente ama desde que nasce e não tem remédio, e não tem cura. Desses que limpe todas as merdas que a gente faz, antes de crescer e muito mais depois. E eu tenho amor pra tudo isso! Mas ele nunca chega e sentir urgência é careta, então escrevo poemas de amores felizes e todos pensam que sou feliz e me deixam ficar com essa insônia em paz, infeliz.
Talvez, ninguém compreenda tudo isso, eu mesma não sei o sentido, mas é quinta-feira e ouvindo Lindeza de Caetano, eu acredito que ele esteja chegando num dia de semana qualquer, como quem chega do nada.
Vou me sentir linda,
Ele, tudo vai negar, eu direi sim!
Vou me sentir amada,
Ele, nada vai dar, eu direi sim!
Vou me sentir desejada,
Ele a chamar-me de puta e o que mais bem quiser, eu direi sim.
Vou me sentir livre,
E sem nada a perguntar, ele vai se apossar de mim e, mais uma vez, como me convém, eu direi sim.