Carvão, Ouro e Pecados

Queimam-se cartas, bandeiras e dinheiro, mas os mapas sobrevivem chamuscados, e as mãos necessitam de habilidades e olhos pra enxergarem as pequenas aldeias do viver simples
Entre cinzas tocarem, em movimentos prestidigitadores, a mina de carvão e a de ouro, onde os sonhos nascem e morrem com o mesmo sentimento. A sede!
Na terra parideira que teu nome esconde-se, entre esterco e semente, não existe relógio e os vermes são a vergonha dos homens, são os homens, melhor que tua identidade continue anônima e em silêncio, ninguém precisa saber-te meu afetuoso suspiro criativo, nem mesmo teus ouvidos, nem mesmo o mar com sua boca tumulenta. .
Que seja secreto o desejo incendiado, pois somente assim estará desperto na eternidade do querer, o fogo.
Jamais esquecemos o que não é vivido!
Minha pele virgem dos teus dedos sempre será ressentida, por não ter ranhuras e nem tuas digitais, mas ainda arderá e em cada febre de ilusão surgirão versos que ressecarão teus lábios na primeira leitura, como se a verdade da minha inocência fosse despudorada e salgada.
Vivo de misérias e cafés, o álcool me despreza, sem boas rimas costuro as letras fugidias em minhas insônias, os poemas nascem imperfeitos como meus dedos, por vezes falam mentiras e outras calam verdades, mas são meus cúmplices na ira e na paixão, portanto, os deixo comerem meu pão.
Sou uma queredora de quereres que imagino; vertigem de navio em alto mar; subitamente uma rota, mas quando vejo teu bonito rosto masculino a cuspir literatura existencial, a poesia dos bruxos de negro olhar, me visto apenas de mulher com pecados vermelhos.