INSPIRAÇÕES DO POETA

9 de dez. de 2011

O Canto das Pedras


Pedra sobre pedra
Sou vertical
Ser espontâneo da terra bruta
Exibindo erosões maternas
Por toda superfície venial
Tunda de mãe esculpidora de trilhas
- ventos varem cãibras –
- chuvas inundam lareiras –

A boca do tempo devora flores,
Mas também grilos,
Meros grilos bandalheiros
Entendi isso no outono!

Sou montanha rochosa que inibe o mar
- os insultos contra meu espírito gentil –
Suas ondas quebram em meu ventre compacto,
Que permanece fecundo

As possibilidades das vãs promessas,
Não inundam minha constituição metamórfica
Porém agitam a beleza

Há acréscimo de musgos e conchas,
Resíduos de viagens,
Esqueletos dos bichos
(os que fui)
Branqueiam meus cabelos de ontem,
Como se fosse manto de todos os sagrados
E crescem as idéias contemplativas,
E cresce a fé

Lava-me a lua noturna, ainda dia,
Com sentimentalidades brancas,
Quando ainda me ameaço penhasco
- aqui e acolá –
E nas nervuras, da face dura,
Nascem brotos de amoramento

É que sempre há ventos misericordiosos!
E haverá tardes sem estorvo urbano,
Com apenas sopros de silêncios
Assim o artista virá com infância nos dedos
Pintará meu horizonte coabitável
Da cor mais sonora
Imprimindo nada mais que vontade,
Desenhos vivos.

E no contorno da linha suspirada que beija o céu,
Somente o sol maravilhado verá o estrondo da fêmea
A força milagrosa e explosiva das entranhas
Ecoando no insondável precipício,
Pois sou como toda mulher,
Um abismo intransponível de inquietações e delícias

11 comentários:

meus instantes e momentos disse...

que bom ler voce de novo, voltar aqui...
Maurizio

Marcia M disse...

Ira minha amiga isso é lindoo!!

Pois sou como toda mulher,
Um abismo intransponível de inquietações e delícias

Bom fim de semana!

Unknown disse...

sonoridade mineral,



beijo

Anônimo disse...

Muito bom seus versos amiga, de uma reflexão profunda...

Andrea de Godoy Neto disse...

Ira, espetacular este poema!
intensidade, força e ainda assim, toda a delicadeza...

fiquei encantada.

(cheguei aqui por um comentário teu no blog do Jorge. e ainda bem que cheguei :)

um abraço grande pra ti!

Otávio M. Silva disse...

uau, apesar de ser um texto que li estrdou meus ouvidos, pareciam trovões a soar para mim, palavras fortes e firmes, exatamente o que pede o poema para falar da figura da mulher forte. adorei a passagem "As possibilidades das vãs promessas,
Não inundam minha constituição metamórfica
Porém agitam a beleza" mas nada melhor que um bom desfecho para abrilhantar por completo uma bela obra "Pois sou como toda mulher,
Um abismo intransponível de inquietações e delícias", Magnífico. (Aplausos)

Zélia Cunha disse...

Ira,
Que bom estar aqui! Lindo seu poema, mulheres... nos seus abismos misteriosos e intransponíveis; Como toda mulher.
Um afetuoso abraço, amiga.

Suzana Guimarães disse...

Vi a Andrea ali em cima. Eu a adoro, vá conhecê-la, você não se arrependerá!

Ira,

O que somos nós, mulheres? Força pura, carregamos a humanidade, carregamos o fardo pesado, mas não desconhecemos a delicadeza e nem nos deixamos afogar, mesmo que as ondas pensem nos levar no redemoinho terra água.

Beijos,

Suzana/LILY

Jorge Pimenta disse...

querida amiga,
há mais peles do que vidas neste abismo de inquietações e delícias em que fincamos os pés. a poesia? talvez o elixir que o torna menos insuportável.
beijinho com admiração inteira!

Liberdade. disse...

olá querida!

saudades!

somos assim uma
incógnita ambulante!

um abração!

AC disse...

Ira,
Adoro a sua poesia, a sua leitura proporciona-me um enorme prazer. Obrigado.

Beijo :)