INSPIRAÇÕES DO POETA
26 de jan. de 2012
Rumores de Quase nada
O homem atravessa a vida
Pensando...
Fumando...
Tudo é nuvem que o vento leva
Pai de treze filhos
Doze perdidos de escambo
Uma, a menina, dos olhos chora
É flor de sertão ainda, amanhã estio
E o coração fósforo do homem cansa
Um risca aqui, outro acolá
Acende um tantinho de quase
De quase é a paciência
A menina é enxotada em desmesuras
Pra longe do que seca o olho de chororô
Na cidade não tem calo de mão,
Só de peito, só de peito!
No sobressalto, ela vira espetáculo,
De jornal, de cabaré, de pele
A cidade é mágoa de cetim,
E ligeiramente escandalosa
Ela ama João, José, Raimundo,
Pedro, Silvio e Otaviano,
Com tal fome medonha, que lembra
A gastura dos meninos de Junco do Sericó
Dorme com o seio em pecado
E o peito virgem de branco
É que os amores só devoram carnes,
Enquanto a alma reza
As mãos de seda tomaram os anéis das damas,
Mas o nome, da mina, é só dito em sussurros
Na última agonia dos homens,
Nas mortes de cada dia
Ah, pai de padecimento e defunto!
Só tu entendeste que os sonhos são dos deuses,
Ao homem coube-lhe o suspiro, mortal,
O resto, apenas rumores.
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10 comentários:
Adorei..bj..boa noite.
os sonhos são dos deuses. os homens passam. belíssimo poema. parece dialogar com um poema que li ontem mesmo, em Cirandeira, do grande Antonio Brasileiro, que termina assim:
"É ríspida minha poesia.
Não aprendi com o vento, mas com os homens.
E os homens não passam – os homens doem. "
beijo. ótimo final de semana...
Belo poema Ira!... na verdade os sonhos não são dos deuses. E as dores... essas não são rumores!
Beijos!
AL
Sentimento, talento e doçura. Fim de semana feliz para você!
que belo teu poema-história,Ira mais brilhante que nunca!
Beijinho com admiração imensa!
querida ira,
normalmente o realejo da vida desfere as notas contrárias às nossas estações. mero acaso ou malvadez?
num mundo que os deuses fizeram cheio de falsos deuses, que lugar cabe aos anjos? nem me atrevo a perguntar pelo dos homens, já, sempre tão minguados nos seus favos de língua...
do tanto que esperamos e do tão pouco que tocamos:
"Dorme com o seio em pecado
E o peito virgem de branco"
beijo, amiga druida de todas as palavras!
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desacontecimentos dos deuses, fios a fiar em teia de melindres,
beijo
Mas que lindo, que delícia.
Gostei da humanidade do pai, gosto de personagens que morrem, que é diferente de morte.
Beijo, Ira.
Não tenho palavras, sinceramente... Este poema, é um tudo de bonito, de vida, de sentimento, de humanidade... Amei!!!
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