INSPIRAÇÕES DO POETA

25 de mar. de 2012

O Alvo


Sobre pele de árvore
Não há perdão da palavra,
Mas morte.
Há na textura divina um sono milenar
E ninhos de olhos míopes,
Diante as mixórdias do mundo.

O pássaro choca seus ovos
E os abandona,
Como se não houvesse pena,
Apenas canto.

No entanto,
Suas asas perdem as cabeças nas pontas das flechas
E o disparo vem do alvo,
E a flecha é a asa.
É a dor,
Do sangue sem procedência e conseqüência.

Sangue hemorrágico,
Da existência sem propósito,
Que escreve de branco o medo,
Da finitude.

Para meu amado amigo Márcio Kindermann,
que me enviou a imagem com um pedido: Poeme, Ira!

14 comentários:

Unknown disse...

dolorido, como a existência de canto sem asas,



beijo

Sandra Subtil disse...

Pungente e lindo...sentido.
beijo minha querida

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Como sempre forte e profundo...tinha saudades de te ler...é sempre uma viagem intensa.

Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora

Marcelo R. Rezende disse...

Lindo e renasce.
Márcio SUPER merece.

O Profeta disse...

São de açúcar os sonhos de uma criança
São de algodão as nuvens que vi esta manhã
São de sal os diamantes do colar que te dei
São verdadeiros os sentimentos que pareceram palavra vã

Uma boneca de olhos que abrem de espanto
Um cavalo de madeira perdido do carrossel
Um cálice cheio de berlindes de vidro
Uma mascara de palhaço pintada a pincel

Um pião que ganha vida
Uma corda para saltar bem comprida
A trotineta jaz num canto partida
Um coração recorda uma dor esquecida
Doce beijo

Cadinho RoCo disse...

No sangue da inspiração o palpitar do poema.
Cadinho RoCo

Anônimo disse...

Ira, sê bem regressada aqui e à escrita.
Todos os medos, todos os silêncios fazem correr sangue, pela pele, pelo papel.

A imagem é lindíssima, aposto que já supões que também eu a gostaria de usar.

Beijinho

Patrícia Pinna disse...

Bom dia, Ira querida. Um sangue derramado sem um propósito que o justifique, sem a defesa necessária para não cair, ficando a mercê de uma alma cruel.
Sempre forte e intensa.
Eu adoro ler-te, adoro!
Um beijo na alma, e fique na paz!
Obrigada pelo seu carinho comigo!
Tem comentário na postagem abaixo!

Carolina disse...

Ira querida, feliz deve estar seu amigo. El poema são muito especiais. E a imagem tambien, original! Abrazo sentido.

Felisberto T. Nagata disse...

Olá!Boa tarde!
Primeira vez!
Poema intenso e forte!
Estilo singular!
...gostei!
boa semana!Muita paz e luz!
Beijos

Andrea de Godoy Neto disse...

Ira, eu venho comentar e fico pensando... o que eu digo pra ela? porque os teus poemas me silenciam...

eu os acolho e eles refletem os meus abismos... e fazem sismos nas minhas rochas... e eu me calo e os escuto, reverberando em mim, como eco...

beijo com imenso carinho e admiração, poeta!!!

Suzana Guimarães disse...

Para mim, seria assim: não sei se renasço e levanto voo, mesmo ferida de sangue, não sei se volto ao ninho e morro, só sei que preciso fazer algo antes que o livro se feche.

Viajei na imagem! Ando tão assim...

Beijos,

Suzana/LILY

Jorge Pimenta disse...

ira, minha querida amiga,
sobre o medo e todas as contrições que nos atiram para próximo dos nossos abismos: saramago escreveu, no conto, a ilha desconhecida, que por vezes temos de sair da ilha para a podermos ver; numa analogia imperfeita, diria que há momentos em que temos de sair de dentro de nós para podermos ver-nos em toda a nossa extensão.

beijinho grande!

Marcio Nicolau disse...

"...As cascas das árvores crescem no escuro
As cascatas a 24 fotogramas por segundo
Os vocábulos iridescem
Os hipotálamos minguam
Tudo é singular

Dói

Tudo dói"

Caetano.