Deito a orelha na concha açoitada
Há mar de mil anos no interior do mistério
E pranto, canto, monstros
Chama-me, voz mansa,
Quase vulto: Amor... Amor...
- Eis a ciranda que não revelei ao mundo,
Só a ti, desde que perdestes o primeiro anel de ouro.
Lembras?
Súbito cai uma palma de bruma irônica
Sobre meus cabelos tingidos de dilemas.
A mão pesa ferro.
Desmorona o prédio de memórias trancadas.
As ruínas deixam nus os pensamentos,
Alguns fogem para terras virtuosas
De um país que ninguém nunca viu.
O restante multiplica-se como a humanidade
Que teme sua extinção.
Aceito intimidades marítimas, onda após onda,
Cordas afogadas, oferendas evocatórias,
Peixes defuntos, pescadores encantados,
Enfim,
Destinos de vencer solidão
Abro os olhos e penso naquele corpo robusto,
Qual um cavalo azul correndo em fúria
Indo e voltando
Exercitando suas alternativas
Inteiro de ira por ausência longa.
Inteiro de desprezos por desimportâncias
Ah, quantas águas levantaram-se donas de mim!
Domaram meus fremes flancos
Com audácias e seduções ébrias
Tantas estrelinhas caíram do céu sobre epiderme líquida
E pousaram em meus olhos mergulhados na imensidão
Ah! As peles inconstantes, sempre recomeçando!
Estou agora, aqui, um tanto na eternidade,
Livre e chamada pela paixão. O mar!
Inevitável é o caminho que tem a tua face
12 comentários:
Ira,
deixas-me sem fôlego, vontade de me atirar nesse mar...
E vou lendo a tua ode ao (des)amor.
[aceitando as ofertas que dão e esperando...]
beijinho
[ao teu lado, acredita e eu sei, sou mera fazedora de esboços]
este aceno de mar envolve as retinas, precipita os horizontes para as velas
beijo
O mar, senhor de mil mistérios, a eterna mãe...
Beijo :)
epiderme líquida: tua voz!
beijinho, Ira intensamente brilhante!!
Ira, lindona!
Garota, o tanto de imagens que empregaste nesse poema me colocou em alto-mar, movida pelo ritmo da paixão, que é algo assim como mar revolto, dá aquele medinho, mas seduz.
Grande beijo e ótimos dias!
PS.: Talento de sobra que nem sei comentar direito, Ira, chego aqui e só enrolo haha! (tô rindo de mim mesma!) *-*
claro que teu canto é oceânico!
cabelos tingidos de dilemas só podem ser azuis...
beijo, Iraquerida*
Olá amiga! Mais uma vez aqui passando para apreciar mais um dos teus belos e fortes poemas.
Beijos e muita paz pra ti.
Furtado.
Sua poesia marina, é uma ode com a qual eu estou sem palavras... Paisagens, destinos, cruzamentos, cultura, reflexãos... Sua poesia e grande y revoluciona os conceitos.
Um grande abrazo.
Mar e paixão se ligam, se completam e atraem um a outra.
Beijo
Minha querida
Senti neste poema uma armadura de aço que prende as mãos... que amordaça os gestos...um mar revolto onde nos encontramos e perdemos.
Como sempre é uma viagem alucinante ler-te.
Um beijinho carinhoso
Sonhadora
É o que eu falo: o movimento de cada onda é tão imprescindível quanto estar dentro, ou não, do mar.
Lindão, Ira.
Beijo.
linhas livres na densidade da água, pedra sobre pedra, torso de peixe, olhar de menina, abrindo círculos possíveis no que é impossível. do outro lado da escrita, uma praia, a pele e um calor que trivializa o astro-rei. são assim os combates que nos eternizam.
beijinho!
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