INSPIRAÇÕES DO POETA

28 de mai. de 2012

Wild Side - Rugidos de Fotografias





A noite espirra mistérios nas paredes caiadas
E os enigmas caem sobre o lençol rude,
Suas ambigüidades aderem à pele,
Enquanto os sapatos cansam de seus destinos.
Meu quarto é labirinto fóbico,
Uma espécie de elevador quebrado
Entre os andares vigésimo dois e vigésimo três,
Onde feras devoram pedaços meus.
Eu que sou demasiadamente dura
Desprezo seus caninos afiados,
Eles fingem desentender.
Minha cabeça permanece sobre o travesseiro,
Ainda perigosa em pensamentos venenosos,
Talvez pela embriagues do cérebro
Freqüentado por poetas mortos,
Mas tudo isso pouco importa.
A questão é que há péssimo hábito nos olhos
De serem menininhos.
Menininhos o mundo compra com açúcar!
Acreditam em heróis.
Fabricam possibilidades em fotografias
E os meus acendem de felicidade
Diante da imagem de um homem projetada no teto.
- Ele tem rosto de caramelo -
Como, se não tenho sonho pra dormir,
Nem sapos pra alimentar?
Ah, olhos irritantemente meninos
E tão independentes!
Sabem pouco de sepulturas,
Muito menos, dessa cidadela que guarda meu corpo,
Antes do cadáver.
Dou-lhes cinco minutos de amor,
Depois desço as pálpebras
E continuo nesse Dédalo sem saber o que matar.
Ouvindo Lou Reed “Walk on the wild side”.
Crazy mind!
I like you, coisa e tal.

12 comentários:

Unknown disse...

ao som de Lou Reed tudo caminha selvagem como o vento que vem do lado, labiríntico


beijo

Marcia M disse...

Minha linda são os mistérios do olhar ainda menininho que te faz assim bela e esplendorosa na escrita você ainda é um mistério a ser desvendado rs!Boa semana!

Joelma B. disse...

Conduzes tão bem ao labirinto de tua voz...

eu me rendo a tua perdição!!

Beijinho, Ira intensamente brilhante!

O Profeta disse...

Já esqueci, todas as palavras que queria ouvir
Todo os sentires por sentir
Já não sou protagonista de uma comédia de enganos
Sou apenas demiurgo de uma perversa cena de uma chegada sem partir

Sou uvas amargas do mês de Abril
Vinho de travo verde ao beber
Semente atirada ao meio das pedras
Olhos na bruma na inquietação do ver

Uma imensa e incontida força neste peito
Na alma uma cicatriz, qual estigma
Serei apenas um barco de papel à deriva!?
Ou como já alguém disse, um…Enigma…

Doce beijo

Suzana Guimarães disse...

Sabe o que eu senti? Vou lhe contar, mesmo que não tenha interesse nisso a poeta.

Ira está no galho mais alto do pé de fruta, custou-lhe muito chegar até ali, ela teve que ser dura e determinada. Ira alcançou o alto, encostou-se num dos galhos que balançava de tão leve - Ira não tem medo - e goza seu momento, seu triunfo, mesmo que qualquer um venha lhe dizer o contrário sobre essa vitória. Ira é quase o próprio galho... Ira é dura. Mas, há uma maciez fluindo, quer seja das folhas ao lado, por cima ou entre, há ventos, há visões dali, de onde está, e Ira deixa que a polpa doce da fruta lhe consuma...


Suzana Guimarães - Lily

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Por vezes há lugares intangíveis no fundo de nós...onde habitam palavras no fio da incerteza...na esmagadora solidão do tempo...um grito ecoando no silêncio dos muros.
Escreves como se toda a ansia do mundo estivesse presa nas tuas mãos...e eu vou saciada de poesia.

Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora

Cecília Romeu disse...

Ira, linda aquariana!
Como comentar um poema desses?
E ainda por cima com um final magnífico:

"Dou-lhes cinco minutos de amor,
Depois desço as pálpebras
E continuo nesse Dédalo sem saber o que matar.
Ouvindo Lou Reed “Walk on the wild side”.
Crazy mind!
I like you, coisa e tal."

O que são essas, se não todas as palavras que poderiam ser ditas?

Beijos e ótima semana!

Carolina disse...

Ola Ira... esto e filosofia. A noite e seus mistérios despertan nossos fantasmas, nossos monstros, nossos medos, e a você vem todo o mundo, el coração na mão, a alma em um punho, o talento em jorros. Sua poesia trágica, impacta e conmueve porque exprime uma paixão e um sonho...
Beijos, minha linda.

Nilson Barcelli disse...

"Dou-lhes cinco minutos de amor,
Depois desço as pálpebras
E continuo nesse Dédalo sem saber o que matar."

O poema é magnífico e foi superiormente finalizado.
Beijo, querida amiga.

Luiza Maciel Nogueira disse...

essa música é linda, assim como o poema

beijos

Marcelo R. Rezende disse...

Vou ouvir a música, mas não sei o que dizer do seu poema. Me deixou confuso e adoro isso. Você é diva.

Te amo, Ira.

Jorge Pimenta disse...

cinco minutos de amor e lou reed - a eternidade na tangente da boca.

beijos, iramiga!